Claudia Sciré

Claudia Sciré

Existe pesquisa sem relação de poder?

Enquanto profissional de pesquisa, acredito que a problematização sobre as nossas práticas cotidianas é elemento essencial para um exercício mais ético e mais comprometido com o nome e responsabilidade que esta atividade carrega consigo. Por isso, esta palestra pretende discutir sobre a relação pesquisador-pesquisado ao longo dos anos e para aonde a mesma parece estar caminhando num cenário futuro.

O questionamento que pretendo apresentar para a discussão com o público ouvinte se caracteriza pela reflexão sobre as relações de poder que jazem subjacentes às lógicas de construção dos objetos de pesquisa enquanto tais. Não é de hoje que antropólogos discutem estes assuntos e não ignoro que muito já se avançou quando o tema é como deixar de fato nossos entrevistados falarem.

Ainda assim, sigo me questionando: como garantir que o que fazemos não é uma fraude? Dado que a tão sonhada neutralidade seja mesmo inalcançável, ainda assim seria possível estabelecer um patamar mínimo a partir do qual pudéssemos falar sobre nossas descobertas sem gerar um mal-estar ou criarmos enunciados que passem por cima das construções daqueles com os quais lidamos?

Essas são algumas questões que pretendo discutir, trazendo elementos concretos das práticas cotidianas do profissional de pesquisa. Espero criar um campo descritivo sobre o pesquisador na contemporaneidade a partir do qual possamos de fato aprimorar nossas práticas, abordagens e criações.


Sobre a palestrante

Doutora em Sociologia pela USP, sempre trabalhei com a parte mais “mão na massa” da profissão – pesquisa empírica com técnicas qualitativas (grupos de discussão, etnografias, entrevistas em profundidade, fóruns online). Meu mestrado foi sobre consumo popular e o doutorado sobre uso de celulares e sempre fiz mais etnografias do que uma socióloga normalmente faria.

Transito bem entre o mundo prático e o mundo das ideias e consigo transformar rapidamente informação em insights. Já passei por institutos de pesquisa (Data Popular, TNS) e desde 2013 trabalho de forma independente, atendendo a institutos como Offina Sophia, Shopper Vista, Blend, IBOPE e consultorias de UX, como Handmade UX. Em 2017, passei a dedicar parte do meu tempo para desenvolver projetos de pesquisa de UX sob medida para a startup sueca Instabridge AB.

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